No centro de Camarate, a igreja de São Tiago Maior do século XVI e o seu adro – situados na atual Praça 1º de Maio – têm uma presença fundacional. Os edifícios habitacionais da década setenta do século XX, construídos em alinhamento ao longo do arruamento, com as suas galerias comerciais no piso térreo conferem a este centro um ambiente urbano com uma dinâmica comercial própria. As azinhagas ainda preservadas, que se estendem desde o adro da igreja até às antigas quintas, a autoestrada em viaduto e a grande proximidade às pistas do aeroporto acrescentam uma enorme complexidade a este núcleo urbano na periferia de Lisboa. A estratégia de intervenção procurou amenizar os conflitos existentes entre os diferentes estratos construídos, incidindo principalmente na reorganização do estacionamento viário e nos espaços envolventes da igreja, em especial o seu adro, de modo a reforçar a sua presença como elemento identitário deste centro urbano.

O desenho do espaço público assentou na melhoria da acessibilidade pedonal em detrimento de uma pressão automóvel ao nível do estacionamento.

No eixo principal da intervenção – Rua Avelino Salgado de Oliveira, Rua Guilherme Gomes Fernandes e Praça 1º de Maio – foi implementado um “percurso confortável” com uma largura variável, materializado num pavimento que assegura uma superfície mais estável e uniforme.

O pavimento proposto, ao qual se chamou Unicentro desenha-se através de um conjunto de peças de cinco dimensões distintas e dois tipos de acabamentos que se agrupam de modo variável. Procurou-se, com este pavimento construído a partir de peças pré-fabricadas, criar uma superfície de pavimento heterogénea, que simultaneamente tivesse a capacidade de assimilar as variações existentes na zona consolidada ao nível de infraestruturas, tais como, tampas, postes de candeeiros, etc.