Praça Fonte Nova
Até à primeira metade do século vinte, a área onde se situava o parque de estacionamento Fonte Nova era uma zona rural de quintas de produção agrícola.
Os terrenos eram férteis, devido à proximidade da Ribeira de Alcântara e a água era abundante. A presença de água e de fontes conferiu o nome ao local. Esta área era atravessada pela Estrada de Benfica, um eixo de grande importância na relação de Lisboa.
Na década de sessenta do século vinte, com a construção da Segunda Circular de Lisboa e do viaduto sobre a Estrada de Benfica, esta zona sofreu uma profunda alteração. As quintas foram destruídas, os eixos viários e pedonais existentes foram interrompidos, e a área foi sucessivamente ocupada por um parque de estacionamento informal que acabou por cobrir toda a sua extensão.
Esta situação provisória manteve-se por quase cinquenta anos.
Em 2015 a Câmara Municipal de Lisboa lançou o programa “Uma Praça em Cada Bairro” procurando melhorar o espaço público em vários bairros da cidade.
Definiu-se uma área de intervenção de 3,5 hectares.
Como estratégia criou-se uma grande superfície de pavimento que procura restabelecer uma unidade que foi fragmentada com a construção do viaduto.
Verificou-se a oportunidade de reduzir a área de estacionamento em cerca de 50% em benefício da mobilidade pedonal e de espaços de estadia.
A construção da praça tira partido do coberto arbóreo existente de Tipuanas-tipu, conservando, mantendo e dignificando todos os exemplares e plantando novos, de modo a produzir um ambiente qualificado pelas sombras das árvores.
Todo o pavimento da praça é em betão. No seu interior criam-se zonas de estadia e lazer em pontos específicos através de” ilhas” que pontuam o espaço.
Estas “ilhas” contêm programas de caráter específico que apoiam as áreas de estadia: quiosques com esplanadas, uma fonte, um parque infantil e um parque canino e jardins.
As “ilhas” são delimitadas por bancos contínuos em todo o seu perímetro. Os bancos de troços retos e curvos são pré-fabricados e definidos por 4 módulos distintos, um módulo reto de comprimento, um módulo curvo e dois módulos de bancos individuais com 2 inclinações de costas distintas.
A área da praça sob o viaduto, iluminada durante a noite, permite uma utilização durante 24 horas por dia para diferentes atividades ao abrigo do sol e da chuva.
Pretende-se que a praça e o espaço público permitam uma apreensão fácil para todas as idades e que os seus materiais sejam resistentes e de fácil manutenção.
Procura-se um ambiente informal, um usufruto ativo ou contemplativo.
Utilizam-se materiais genéricos da cidade, adequados a cada situação. Foi possível a reutilização de pavimentos em calçada de vidraço existentes na zona nos anos sessenta.
Redefiniram-se os perfis de via e de passeio. Sistematizou-se o troço da rede de transporte público, em expansão e ordenou-se o transito em transporte individual. Procedeu-se a um alargamento dos passeios, garantindo-se mais segurança e conforto para o peão e uma mobilidade universal . Integrou-se uma pista ciclável que articula com a rede a norte a sul da praça possibilitando a mobilidade suave de carácter lúdico e funcional.
Para a iluminação durante os períodos noturnos, foi instalado um novo sistema de iluminação pública, em LED, que direciona a luz para o pavimento com uma tonalidade quente e para a copa das árvores com uma tonalidade fria.
Localização Benfica, São Domingos de Benfica, Alameda Manuel Ricardo Espírito Santo, Lisboa
Projeto 2015
Concluído 2017
Cliente CML – Câmara Municipal de Lisboa
Programa: Uma Praça em Cada Bairro
Arquitetura José Adrião – Coordenação
João Albuquerque Matos – Chefe de Projeto
Ana Grácio, Ana Santos, Carla Gonçalves, Carolina Calmon, Gonçalo Ponces, Margarida Farinha, Ricardo Aboim Inglez, Tiago Mota, Tomás Forjaz
Arquitetura Paisagista NPK
Tráfego Caetano Gomes
Especialidades Pensamento Sustentável
Empreiteiro Tecnovia
Fotografia Existente Hugo Santos Silva
Fotografia Concluído FG+SG Fotografia de Arquitetura