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No convite que recebemos para desenvolver a proposta para a Casa Fonte, em Melides, fomos surpreendidos com o pedido de considerarmos duas referências principais: a Casa Alentejana e a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi.
A Casa Alentejana é, pela sua própria natureza, construída em taipa, feita a partir da própria terra e, por isso, é matérica e compacta. Apresenta aberturas pequenas e escassas, protegendo-se tanto do frio como do calor. Por contraste, a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi é leve, feita de vidro, quase imaterial. Flutua sobre o Morumbi, completamente aberta, alegre e destemida perante os elementos.
Este contraste pareceu-nos intrigante. Considerámos esta aparente contradição como um desafio, não só porque ambas são referências significativas, mas também porque são presenças recorrentes na arquitetura que a JAA procura criar.
Que síntese poderíamos propor perante uma provocação tão complexa?
Quando visitámos pela primeira vez a área de intervenção, primeiro deparámo-nos com uma mina de água que dá origem ao nome do lugar. Depois fomos ao local escolhido para a casa. Nessa altura percebemos que a visão dos clientes era simultaneamente sensata e poética.
A casa teria de pertencer, inequivocamente, àquele lugar, como se emergisse da própria matéria e do terreno de que é feita e, ao mesmo tempo, deveria abrir-se com otimismo para a paisagem atlântica das serras e do mar.
Apesar das suas aparentes diferenças, ambas as casas de referência partilham várias qualidades. São casas simples, mas sofisticadas, livres de luxo supérfluo, acolhedoras e generosas. Procuram uma relação harmoniosa com o seu entorno natural e aspiram a oferecer, tanto a quem nelas habita como aos seus convidados, momentos de beleza. A paisagem é a protagonista.
O acesso à casa Fonte, é feito por cima, onde a casa é praticamente invisível. Depois desce-se para um pátio construído em torno de um tanque de água, em homenagem ao seu nome. A partir deste pátio que oferece momentos de intimidade e que constitui o coração da casa, a casa abre-se para a paisagem do vasto horizonte das serras e do oceano Atlântico.
projeto 2025
área 500 m2
cliente privado
arquitetura josé adrião – coordenação
ana grácio – co-coordenação
antónio sardo – chefe de projeto
francisco calha
estabilidade 360 engineering
arquitetura paisagista f|c arquitetura paisagista
imagens 3d filipe borralho








