197 Chalet Lourdes
O Chalet Lourdes, construído na década de 1930 – por um autor não identificado pela equipa – é um projeto que rompe com os cânones arquitetónicos das casas da Costa do Estoril da época, fundamentalmente baseados na idealização da casa portuguesa de Raul Lino. A sua expressão formal incorpora o ambiente cultural das correntes europeias das primeiras décadas do século vinte, tais como a simplificação das formas, a prevalência de volumes abstratos e as coberturas planas, características do Estilo Internacional.
A casa é composta por dois volumes adossados num lote amplo e num jardim que, pela sua dimensão, tinha um caráter predominante.
Meio século depois, em 1974, a casa tem novos proprietários e sofre uma primeira transformação, cuja autoria é do arquiteto Virgílio Leal da Costa. Este projeto promove alterações ao nível da compartimentação interior, abertura de vãos e a construção de uma piscina. Na memória descritiva deste projeto Virgílio Leal da Costa escreve:” Apresentando a construção um positivo nível estético dado por uma composição extremamente simples de grande clareza de volumes e sobriedade de linhas arquitetónicas, embora suscetíveis de melhoria, pretendeu-se evidenciar esses aspectos, valorizando-os. Para tal, as poucas intervenções nas fachadas, foram feitas com o mesmo espírito de simplicidade.”
Em 2022, novamente meio século depois, a casa volta a mudar de proprietários.
Seguindo este ambiente de palimpsesto, de construir sucessivamente sobre o construído, o projeto de reabilitação, procura mais uma vez enquadrar-se naquilo que são os pressupostos do projeto de 1930, revendo-se em simultâneo nos escritos de 1974, de Virgílio Leal da Costa, de “evidenciar as qualidades do projeto original, valorizando-o”.
A nova intervenção teve como pressuposto base, de acordo com os objetivos dos novos habitantes, aproximar a zona social do jardim, aumentar a área interior da casa, conferir condições de habitabilidade e conforto contemporâneos.
O projeto de 2022 faz a ampliação da casa com um novo volume paralelepipédico e branco que se adossa aos volumes preexistentes, estabelecendo com eles uma continuidade formal. Este volume contém todas as áreas sociais da casa, tais como: sala de estar com duplo pé direito, zona de refeições e sala/mezanino. O edifício original fica afeto às áreas privadas de cozinha, trabalho e quartos.
Com o intuito de estabelecer uma relação privilegiada da casa com o jardim, as áreas sociais – que no projeto original se situavam no primeiro piso – passam para o piso térreo. Como mediação entre o espaço interior da casa e o jardim, constrói-se uma pérgula/alpendre que funciona como sala exterior coberta. Todo o jardim foi alvo de intervenção e a piscina, que previamente tinha implantação contigua à casa, passa a fazer parte dele.
localização cascais, portugal
projeto original década de 1930
projeto 1974 virgílio leal da costa
projeto 2022
cliente privado
área 669 m2
arquitetura josé adrião – coordenação geral
ana grácio – co-coordenação
joão matos – chefe de projeto estudo prévio
gonçalo diniz – chefe de projeto base
hugo falcão – chefe de projeto execução
andré cruzeiro, maria joão gordalina, mafalda cruz gomes, raquel vicente, ricardo ramalho
arquitetura paisagista f|c arquitetura paisagista
estabilidade e especialidades 360 engineering
medições e orçamentos perfectus
fiscalização miguel rodrigues
levantamento arquitetónico fernando paisana
levantamento topográfico fernando paisana
fotografia existente nuno almendra
imagens virtuais filipe borralho


















