Chalet Lourdes
O Chalet Lourdes, construído na década de 1930 – por um autor não identificado pela equipa – é um projeto que rompe com os cânones arquitetónicos das casas da Costa do Estoril da época, fundamentalmente baseados na idealização da casa portuguesa de Raul Lino. A sua expressão formal incorpora o ambiente cultural das correntes europeias das primeiras décadas do século vinte, tais como a simplificação das formas, a prevalência de volumes abstratos e as coberturas planas, características do Estilo Internacional.
A casa é composta por dois volumes adossados num lote amplo e num jardim que, pela sua dimensão, tinha um caráter predominante.
Meio século depois, em 1974, a casa tem novos proprietários e sofre uma primeira transformação, cuja autoria é do arquiteto Virgílio Leal da Costa. Este projeto promove alterações ao nível da compartimentação interior, abertura de vãos e a construção de uma piscina. Na memória descritiva deste projeto Virgílio Leal da Costa escreve:” Apresentando a construção um positivo nível estético dado por uma composição extremamente simples de grande clareza de volumes e sobriedade de linhas arquitetónicas, embora suscetíveis de melhoria, pretendeu-se evidenciar esses aspectos, valorizando-os. Para tal, as poucas intervenções nas fachadas, foram feitas com o mesmo espírito de simplicidade.”
Em 2022, novamente meio século depois, a casa volta a mudar de proprietários.
Seguindo este ambiente de palimpsesto, de construir sucessivamente sobre o construído, o projeto de reabilitação, procura mais uma vez enquadrar-se naquilo que são os pressupostos do projeto de 1930, revendo-se em simultâneo nos escritos de 1974, de Virgílio Leal da Costa, de “evidenciar as qualidades do projeto original, valorizando-o”.
A nova intervenção teve como pressuposto base, de acordo com os objetivos dos novos habitantes, aproximar a zona social do jardim, aumentar a área interior da casa, conferir condições de habitabilidade e conforto contemporâneos.
O projeto de 2022 faz a ampliação da casa com um novo volume paralelepipédico e branco que se adossa aos volumes preexistentes, estabelecendo com eles uma continuidade formal. Este volume contém todas as áreas sociais da casa, tais como: sala de estar com duplo pé direito, zona de refeições e sala/mezanino. O edifício original fica afeto às áreas privadas de cozinha, trabalho e quartos.
Com o intuito de estabelecer uma relação privilegiada da casa com o jardim, as áreas sociais – que no projeto original se situavam no primeiro piso – passam para o piso térreo. Como mediação entre o espaço interior da casa e o jardim, constrói-se uma pérgula/alpendre que funciona como sala exterior coberta. Todo o jardim foi alvo de intervenção e a piscina, que previamente tinha implantação contigua à casa, passa a fazer parte dele.
LOCALIZAÇÃO CASCAIS, PORTUGAL
PROJETO ORIGINAL década de 1930
PROJETO 1974 VIRGÍLIO LEAL DA COSTA
PROJETO 2022
CLIENTE PRIVADO
ÁREA 669 m2
ARQUITETURA JOSÉ ADRIÃO – COORDENAÇÃO GERAL
ANA GRÁCIO – CO-COORDENAÇÃO
JOÃO MATOS – CHEFE DE PROJETO ESTUDO PRÉVIO
GONÇALO DINIZ – CHEFE DE PROJETO BASE
HUGO FALCÃO – CHEFE DE PROJETO EXECUÇÃO
ANDRÉ CRUZEIRO, MARIA JOÃO GORDALINA, MAFALDA CRUZ GOMES, RAQUEL VICENTE, RICARDO RAMALHO
ARQUITETURA PAISAGISTA F|C ARQUITETURA PAISAGISTA
ESTABILIDADE E ESPECIALIDADES 360 ENGINEERING
MEDIÇÕES E ORÇAMENTOS PERFECTUS
FISCALIZAÇÃO MIGUEL RODRIGUES
LEVANTAMENTO ARQUITETÓNICO FERNANDO PAISANA
LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO FERNANDO PAISANA
FOTOGRAFIA EXISTENTE NUNO ALMENDRA
IMAGENS VIRTUAIS FILIPE BORRALHO