186 Marquês de Abrantes

O projeto teve como objetivo a reabilitação de dois apartamentos, num edifício de um apartamento por piso, com a área de 270 m2 cada. Os apartamentos situam-se no primeiro e no segundo piso e a intervenção foi idêntica em ambos.
Tal como muitos edifícios em Lisboa, nomeadamente os do final do século dezanove, o desenho dos apartamentos privilegiou a tipologia corrente, onde os espaços sociais se relacionavam com a fachada da rua e os espaços privados e serviço se situavam na fachada tardoz.
Este edifício, cuja construção data de 1889, seguiu a mesma regra.
No seu desenho original, os apartamentos foram desenhados com a área social a norte e os quartos virados para o jardim de Santos e o rio Tejo. Uma das primeiras questões a resolver foi a intenção da alteração desta condição existente.
O projeto propôs a inversão da tipologia para que as áreas sociais pudessem usufruir ao máximo da vista e do espaço de varanda existente em toda a extensão da fachada tardoz a sul.
Os apartamentos, com excelentes características construtivas e acabamentos, apresentavam várias qualidades que, desde a sua origem, tinham sido anuladas por sucessivas alterações. Uma das qualidades mais relevantes que se procurou recuperar, foi o alinhamento dos vãos interiores com os seis vãos das duas fachadas opostas, que permitiam a entrada de luz e ventilação na casa.
O trabalho de sondagens foi exaustivo. Procuram-se as alturas dos vãos interiores originais, que tinham sido rebaixados em intervenções anteriores, verificou-se a constituição das paredes, dos pavimentos e tetos, sondou-se os estuques para detetar a existência de frescos ou pinturas murais, reabriram-se vãos que tinham sido fechados, etc.
A intervenção interpretou os dados e as informações da pré-existência e o redesenho espacial definiu-se a partir deles.